Capa do endereço das heresias protestantes disfarçadas |
O sujeito que sem qualquer
confissão, que toma suco de uva de caixinha com pão fermentado da padaria de
seu Mané, tentava enganar outros protestantes em sua contraditória página
“Apologética Evangélica – Contra as heresias”, insinuando que o pão e o vinho dos
católicos, apenas ‘simbolizam’ Jesus, que não há transformação em corpo de
Cristo real e que a adoração da Eucaristia é do “segundo milênio”.
Refutamos então todos esses
embustes, com as Escrituras, a Didaqué e os Pais da Igreja.
Para a completa desgraça
protestante, antes da Didaqué ser escrita, São Paulo em 1 Coríntios 11, 23-29,
na bíblia, já deixa claro que o pão e o vinho consagrados tornam-se o corpo e o
sangue de Cristo, Abaixo segue as palavras de São Paulo:
"Porque eu recebi do Senhor o que também vos
ensinei a vós, que o Senhor Jesus, na noite em que foi entregue, tomou o pão, e
dando graças, o partiu, e disse: recebei e comei; isto é o meu corpo, que será
entregue por vós; fazei isto em memória de mim.
Igualmente depois de ter ceado, (tomou) o cálice,
dizendo: este cálice, é o novo testamento no meu sangue, fazei isto em memória
de mim todas as vezes que o beberdes. Porque todas as vezes que comerdes este pão
e beberdes este cálice, anunciareis a morte do Senhor, até que ele venha.
Portanto todo aquele que comer este pão ou beber este
vinho indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor.
Examine-se, pois, a si mesmo o homem, e assim coma
deste pão e beba deste cálice. Porque aquele que o come e bebe indignamente,
come e bebe para si a condenação, não distinguindo o corpo do Senhor."
Obviamente é nisso que se
baseia o texto da Didaqué ao solicitar toda pureza daquele que comungasse.
Antes de São Paulo escrever
suas cartas, e da Didaqué ser escrita, Jesus já dava lição contra os hereges
(tipo os protestantes) que duvidavam que o pão e o vinho consagrados fosse seu
verdadeiro corpo e sangue: "minha
carne é verdadeira comida e meu sangue verdadeira bebida" ( João, 6,
41), e ainda "quem não come minha
carne e não bebe meu sangue não terá a vida eterna" (João, 6, 59).
Os judeus se escandalizavam
com isso: "disputavam, pois entre si
os judeus, dizendo: como pode este dar-nos a comer a sua carne? E Jesus disse-lhes:
em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do filho do homem, e
não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós." (João, 6,
53-56).
Insinuar valendo-se de
sofismas, que os cristão dos primeiros séculos desconheciam tudo isso e não
acreditavam na presença real de Cristo na Eucaristia é desconhecer o contexto
dos primórdios do Cristianismo e as Escrituras.
Tertuliano assim refutou um
herege de seus dias: “Portanto, pelo sacramento do pão e do cálice, já
temos provado no evangelho a verdade do corpo e do sangue do Senhor contra
o fantasma defendido por Marcião...”
(Contra Marcião L.5 c.8)
A Didaqué é muito taxativa ao
afirmar que nem todos podem participar da Eucaristia, já que não se pode “dá o
que é santo aos cães”. Antes de participar exige confessar os pecados para que
o sacrifício seja puro. É um testemunho claro também de que a Igreja primitiva
já conhecia na Eucaristia o sacrifício sem mancha e perfeito apresentado ao Pai
em Malaquias 1,11: “Porque, do nascente
ao poente, meu nome é grande entre as nações e em todo lugar se oferecem ao meu
nome o incenso, sacrifícios e oblações puras. Sim, grande é o meu nome entre as
nações - diz o Senhor dos exércitos.”
“Que ninguém coma nem beba da Eucaristia sem antes ter
sido batizado em nome do Senhor, pois sobre isso o Senhor disse: ‘Não dêem as
coisas santas aos cães’.” (Didaqué
IX, 5)
“Reúna-se no dia do Senhor para partir o pão e
agradecer após ter confessado seus pecados, para que o sacrifício seja puro.
Aquele que está brigado com seu companheiro não pode
juntar-se antes de se reconciliar, para que o sacrifício oferecido não seja
profanado [Cf Mt 5,23-25].
Esse é o sacrifício do qual o Senhor disse: "Em
todo lugar e em todo tempo, seja oferecido um sacrifício puro porque sou um
grande rei - diz o Senhor - e o meu nome é admirável entre as
nações".(Malaquías 1,11)”
(Didaqué 14, 1-3). – Entenderam bem, protestantes de igrejinha de porta sobe e
desce que nunca oferecem a Deus esse sacrifício e o incenso da profecia de
Malaquias 1,11?
Dizia o ignorante protestante
demonstrando vergonhoso desconhecimento do que se metia a abordar: “A Didaquê continha instruções sobre a
Eucaristia. Sendo uma instrução de como deve se proceder nesta ordenança, era
de se esperar alguma menção a transformação dos elementos, ou ao sacrifício de
Cristo acontecendo naquele momento e instruiria os cristãos a adorarem os
elementos transubstanciados. Mas não há nada disso.”
Resposta:
o próprio protestante começa dizendo “A Didaquê continha instruções sobre a
Eucaristia.”
–
Vejamos o que quer dizer “Eucaristia” no dicionário:
[Significado
de Eucaristia
substantivo
feminino
Comunhão;
sacramento cristão católico através do qual o pão e o vinho se tornam o corpo e
o sangue de Cristo. ]
O sacrifício de Cristo na Eucaristia, já era do conhecimento natural de todos os cristãos desde a última ceia de Cristo: "Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciareis a morte do Senhor, até que ele venha." (1 Coríntios 11, 26)
O sacrifício de Cristo na Eucaristia, já era do conhecimento natural de todos os cristãos desde a última ceia de Cristo: "Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciareis a morte do Senhor, até que ele venha." (1 Coríntios 11, 26)
Quem
conhece o contexto da historia cristã, sabe obviamente que os cristãos
primitivos já acreditavam naturalmente que o pão e vinho eucaristizados era
verdadeiramente a presença real de Cristo, conforme carta de São Paulo e
afirmação do próprio Jesus Cristo, já citadas acima. Os vastos testemunhos primitivos
no final desta refutação não deixaram dúvidas.
Dizia ainda o enganador
protestante, que não conhece nada da Patristica mas se adianta em deturpa-la e
omiti-la: “os Pais da Igreja não ensinaram a
adoração aos elementos da eucaristia, esta prática não fazia parte da Igreja
dos primeiros séculos, tendo ganhado força no segundo milênio. Só por esse
fato, já podemos suspeitar que não sustentavam a posição romana.”
Resposta: “suspeita”
errada! A Igreja nunca ensinou a “adoração aos elementos da eucaristia”, mas a
adoração ao próprio Cristo em que os elementos se transformam. Santo Agostinho
de Hipona, um dos mais notáveis Pais da Igreja, que nasceu em 354 e morreu em
430, responde a esse enganador:
“Volto-me para Cristo, pois é Ele a
quem busco aqui; e verifico que, sem cair na impiedade, adora-se o terrestre, e
sem impiedade adora-se o escabelo dos Seus pés. Porque Ele tomou a terra da
Terra, visto que a carne provém da terra; e tomou a carne da carne de Maria. E
porque na própria carne caminhou por aqui, deu-nos de comer Sua própria carne,
para a salvação; e como ninguém come essa carne sem adorá-La primeiro,
descobrimos como se adora esse escabelo dos pés do Senhor; e não apenas não
pecamos adorando-O, como também pecamos ao não adorá-Lo” (Comentário ao Salmo 98,9).
Com o passar
dos séculos, foram surgindo hereges, ainda no primeiro milênio, que alegavam
que o Jesus eucarístico levado aos enfermos não era o mesmo Jesus histórico.
Para combater essa heresia intensificou-se ainda mais a adoração eucarística.
Ponto final.
Herege refutado!
De lambuja,
o farei conhecer como os Pais da Igreja e teólogos dos primeiros séculos,
vivenciavam a Eucaristia sempre a reconhecendo como verdadeiro corpo e sangue
de Jesus presente.
SÃO JUSTINO
(165 D.C)
"66. Este alimento se chama
entre nós, Εὐχαριστία[Eucaristia], da qual a nenhum outro é lícito participar,
senão ao que crer que nossa doutrina é verdadeira, e que foi purificado com o
batismo para o perdão dos pecados e para a regeneração, e que vive como Cristo
ensinou. Por que estas coisas não as tomamos como pão comum nem bebida
comum, mas ao contrário assim como o Verbo de Deus, havendo de encarnado em
Jesus Cristo nosso Salvador, se tornou carne e sangue para a nossa Salvação,
assim também nos é ensinado que o alimento eucaristizado, mediante a palavra
(verbo) de nosso oração precedente d’Ele – O alimento de que nossa carne e
nosso sangue, se nutrem com arranjo para nossa transformação – é a carne e o
sangue daquele que Jesus que se encarnou. Pois os apóstolos, nos comentários
por eles compostos, chamamos evangelhos, nos transmitiram o que assim lhes
havia sido transmitido: Que Jesus, tendo tomado o pão e dando graças, dizendo:
Façam isso em memória de mim; este é meu corpo, e somente fez eles
participantes. (...).”
“67. (...) Depois nos levantamos
todos e recitamos orações; e, como antes dissemos, quando terminamos de
orar, se apresenta o pão, vinho e água, e o que preside eleva, segundo o poder
que nele há, orações e igualmente ações de graças, e o povo aclama dizendo,
amém. E se dá e fazem participantes cada um das coisas eucaristizadas, e aos
ausentes se envia por meio dos diáconos. (...). “ (São Justino, Primeira Apologia 66 -
67)
“2. Onde Deus fala, como eu disse,
pelo Malaquias um dos 12, sobre os sacrifícios, que então eram oferecidos por
vós: Minha vontade não está em vós, diz o Senhor, e não vou aceitar as ofertas
de suas mãos. Por que desde o nascente do sol até o poente meu nome é
glorificado entre as nações, e em todo lugar se oferece incenso ao meu nome e
uma oferta pura, para o meu nome é grande entre as nações, diz o Senhor, mas
vocês o profanam.”
“3. Desde então prevê sobre os
sacrifício que em todo lugar Lhe são oferecidos por nós gentios, isto é, o pão
da Eucaristia e também o cálice da Eucaristia, acrescentando que nós
glorificamos seu nome, e vocês, por sua vez, o profanam.” (Justino, Diálogo Trifão 41, 2-3)
“3. Pois como aquele Jesus, que é
chamado sacerdote pelo profeta, apareceu carregando vestes manchadas..., assim
nós, os que pelo nome de Jesus como um só homem temos crido no Deus Criador de
todas as coisas, nos despojando, pelo nome de seu filho primogênito, das vestes
manchadas..., assim nós, os que pelo nome de Jesus como um só homem temos crido
no Deus criador de todas as coisas, nos despojando, pelo nome de seu filho
primogênito, das vestes velhas, isto é, dos pecados, inflamados pela palavra de
seu lamento, somos a verdadeira raça sacerdotal de Deus; segundo atesta o mesmo
Deus ao dizer que em todo o lugar entre os gentios há quem lhe oferece e Ele
sacrifícios agradáveis e puros [cf. Mal 1, 11]”
“117,1. Para todos os sacrifícios
por este nome, os quais Jesus ordenou serem feitos, ou seja, na Eucaristia do
pão e do cálice, sacrifícios feitos pelos cristãos em todos os lugares da terra
como Deus testifica de antemão que lhe são agradáveis. Em vez disso rejeita o
que vocês fazem, e aqueles que utilizam seus sacerdotes, dizendo: E eu não vou
aceitar os sacrifícios em suas mãos, porque desde o nascer do sol até o poente,
meu nome é glorificado, diz, entre as nações, e vós profanais [Mal 1,10 ss]” (São Justino, Diálogo com Trifão.
C.116s)
SANTO IRINEU
DE LIÃO (130 D.C - 202 D.C)
Santo Irineu
(bispo e Mártir). Foi discípulo de São Policarpo que por sua vez foi discípulo
do apóstolo São João.
Na teologia
por Santo Irineu acontece o mesmo com Justino, a certeza de que o pão e o vinho
consagrados são o corpo e o sangue de Cristo é clara, e afirma explicitamente
que “o cálice está seu próprio sangue”
( o de Cristo) e “o pão não é mais pão comum,
mas Eucaristia constituída por dois elementos de terreno e celestes” (Jesus
Solano comenta que Santo Irineu não se refere aqui para como a Eucaristia é
constituída, mas como se trata de ser constituída: o elemento terreno é “pão” e
o elemento celestial é “a invocação (epiclese) de Deus”)
Santo Irineu
também deixa o testemunho de que alguns grupos de hereges também compartilhavam
a fé da Igreja que o pão e o vinho tornam-se realmente o corpo e o sangue de
Cristo, mas para eles pode-se afirmar que o pão consagrado por eles (os
hereges) não é realmente, porque eles desconhecem que Cristo é a Palavra, o
filho do criador do mundo. Ele exorta-os ou mudar sua mente ou parar de
oferecer o sacrifício.
“Mas dando também aos discípulos o
conselho de oferecer as primeiras de suas criaturas a Deus, não como se ele as
necessitasse, mas para que eles mesmos não fossem infrutuosos ou ingratos, tomou
o pão que é algo da criação, e deu graças dizendo: ‘este é o meu corpo’. E da
mesma maneira afirmou que o cálice, que é de nossa criação terrena, era seu
sangue; e ensinou a nova oblação do novo testamento, a qual a Igreja recebendo
dos apóstolos, oferece em todo o mundo a Deus, que nos dar alimento primário de
seus dons no Novo Testamento; sobre qual Malaquias, um dos 12 profetas
[menores], profetizou assim: ‘Não tenho nenhuma complacência convosco - diz o
Senhor dos exércitos - e nenhuma oferta de vossas mãos me é agradável. Porque,
do nascente ao poente, meu nome é grande entre as nações e em todo lugar se
oferecem ao meu nome o incenso, sacrifícios e oblações puras. Sim, grande é o
meu nome entre as nações - diz o Senhor dos exércitos.’ Significando
claramente por isto que o povo anterior cessará de oferecer a Deus; por que em
todo Lugar se oferecerá sacrifícios a Ele, e este será puro; e seu nome é
glorificado entre os povos.”
“4. Como pois, lhe constará que esse
pão, nele que são dadas as graças, é o corpo de seu Senhor e o cálice do seu
Sangue, se não dizem que Ele é o Filho do Criador do mundo, isto é, o verbo,
pelo qual a madeira frutifica, e as fontes emanam, e a terra dá o primeiro
broto, depois espiga e finalmente trigo cheio na espiga?” (Santo Irineu - Contra as heresias
Livro IV c.17 n.5)
“E como dizem também que a carne se
corrompe e não participa da vida, que é alimentada pelo corpo e sangue do
Senhor? Portanto, ou mudam de opinião ou
deixem de oferecer as coisas ditas. Para nós ao contrário, a crença concorda
com a eucaristia, e eucaristia por sua vez confirma a crença. Pois oferecemos a
Ele suas próprias coisas, proclamando harmoniosamente a comunhão e união da
carne e do Espírito. Por que assim como o pão que é da terra, recebendo a
invocação de Deus já não é pão propriamente e sim eucaristia, constituída pelos
elementos terrenos e celestiais, assim também nossos corpos recebendo a
Eucaristia, não são corruptíveis, mas possuem a esperança da ressurreição
eterna.” (Santo
Irineu - Contra as heresias. Livro IV c.18 n4s)
“E examinará [o discípulo
verdadeiramente espiritual] verdadeiramente a doutrina de Macião, como ele
entende que existem dois deuses, separados entre si por uma infinita
distância... E como se o Senhor fosse filho de outro pai [distinto do
criador], vindo justamente quando, tomando o pão desta nossa criação,
confessava seu corpo, e da mistura afirmou ser seu sangue?” (Santo Irineu - Contra as Heresias
Livro IV c.33 n.2).
“2. E são vãos por completo os que
depreciam toda a ordem divina e negam a salvação da carne e desdenham de sua
regeneração, dizendo que não é capaz de revestir-se da incorruptibilidade.
Mas si esta [a carne] não se salva, então nem o Senhor nos redimiu com seu
sangue, se o cálice da eucaristia é a participação do seu sangue; nem o pão que
partimos é a participação do seu corpo. Por que o sangue não procede senão
das veias e a carne e do resto da substância humana, da qual verdadeiramente se
fez o verbo de Deus, nos redimindo com seu sangue. Como disse também seu
apóstolo: no qual temos por seu sangue, redenção, a remissão dos pecados.
Por que somos membros seus e
alimentados por meio da criação, e nos brinda a criação, fazendo sair seu sol e
chover, como ele quer, assegurou que aquele cálice da criação é seu próprio
sangue, com o qual aumenta nosso sangue, e reafirmou que aquele pão da criação
é seu corpo com o qual incrementa nossos corpos.”
“3. Quando, pois, o cálice
misturado e o que chegou a ser pão recebem o verbo de Deus e se fazem
Eucaristia, corpo de Cristo, com as quais a substância de nossa carne
aumenta e se vai constituindo, como dizem que a carne não é capaz do dom de
Deus que é a vida eterna, a carne alimentada com o corpo e sangue do Senhor,
que se faz membro dele?
Como disse o bem aventurado Apóstolo
em sua carta aos Efésios: Por que somos membros de seu corpo, de sua carne e de
seus ossos; e isto não disse de um homem pneumático [espiritual] e invisível,
por que o espírito não tem ossos nem carne, mas de um organismo verdadeiramente
humano que é composto de carne, nervos e ossos, e o qual se alimenta de seu
cálice, que é seu sangue, e aumenta com o pão, que é seu corpo. E a maneira que
brotou da vinha colocada na terra, produziu frutos a seu tempo, e o estoque de
grãos de trigos no chão e se desfez, levantou da terra multiplicando pelo
Espírito de Deus que todo o contém; e depois da Sabedoria de Deus se tornou útil
para os homens, e recebendo a palavra de Deus chegaram a ser Eucaristia, que é
o corpo de Sangue de Cristo, assim também nossos corpos, alimentados com ele e
colocados na terra e dispostos nela ressuscitarão a seu tempo, concedendo-lhes
a ressurreição do Verbo de Deus para a Glória de Deus Pai.” (Santo Irineu Contra as heresias
Livro V c.2 n.2s)
TERTULIANO
(160 D.C - 220 D.C)
Tertuliano
não é considerado um padre da Igreja, mas um apologista, que no final de sua
vida caiu em heresia abraçando o montanismo, foi muito lido antes de abandonar
a Igreja Católica.
Considero
também importante olhar para os escritos de Tertuliano, já que entre alguns
protestantes são manipulados e truncados alguns fragmentos fora de contexto de
seus escritos para que possam sugerir que Tertuliano acreditava que o pão e o
vinho consagrados não eram o corpo de Cristo, mas apenas “símbolos”. Um exemplo
da manipulação de textos se encontra no site anti-católico argentino que é
administrado por Daniel Sapia, em um trabalho desenvolvido por Guillermo
Hernandez Agüero. Colocarei a citação usada pelo Guillermo, e a citação no
contexto colocando em vermelho o que o autor não “conseguiu” colocar.
No extrato
do artigo em questão, lemos:
“Podemos aprofundar mais sobre os
padres, mas nosso tema neste caso é a Santa Ceia. Muito Embora existam alguns
Pais que nos podem dizer algo sobre nosso tema: ‘tendo tomado o pão e
distribuiu para os discípulos o fez seu corpo, ao dizer: Isto é o meu corpo, a
saber, ‘figura do meu corpo’’ (Tertuliano, contra Marcião 4, 40). Tertuliano
nos dá a entender que não há nenhum Transubstanciação com o pão; ao contrário
nos ensina que é simbólico.”
Observe
agora o texto em seu contexto:
“...Com grande desejo tenho querido
comer a páscoa convosco antes de padecer, ó destruidor da lei que ainda
aspirava observar a páscoa, tão seguro de que deleitaria pela carne do cordeiro
judeu. Ou será que era Ele, aquele que tendo que ser levado ao sacrifício como
uma ovelha e que, como uma ovelha perante o tosquiador, não deveria de abrir
sua boca, desejava realizar a figura de seu sangue salvífico? Poderia também
ter sido entregue por qualquer estranho para que não dissesse eu que também
neste Salmo estava sendo cumprido: 'Aquele que come pão comigo levantará seu pé
contra mim'... Porém, isto teria sido próprio de outro Cristo, não daquele que
cumpria as profecias...
Tendo declarado, pois, que Ele, com
grande desejo, teria desejado comer a sua própria páscoa, pois seria indigno
que Deus desejasse algo alheio, tendo tomado o pão e distribuído aos
discípulos, fê-lo seu corpo, dizendo: 'Este é o meu corpo', isto é, 'figura de
meu corpo'. Porém não teria sido figura, mas sim corpo verdadeiro. Ademais, uma
coisa vã como é um fantasma não poderia conter a figura. Ou se por isto ao pão fez
seu corpo, porque carecia de corpo verdadeiro, logo deveria entregar por nós o
pão. Fazia - para o vazio de Marcião - que fosse crucificado o pão e nada mais
para o melão que Marcião teve ao invés do coração? Não entendeu que é
antiga esta figura do corpo de Cristo, que diz por Jeremias: 'Urgiam tramas
contra mim, dizendo: Venham! Lancemos uma lasca em seu pão', isto é, a cruz em
seu corpo. Assim portanto, aquele que ilumina as antigas figuras, ao chamar de
pão ao seu corpo, declarou suficientemente o que queria significar então o pão.
E, assim, na comemoração do cálice, constituindo o testamento selado com o seu
sangue, confirmou a substância de seu corpo. Porque o sangue não pode ser de
corpo algum que não seja de carne. Porque se alguma propriedade não-carnal do
corpo se nos opõe, certamente se não for carnal não terá sangue. Assim a prova
da realidade do corpo se confirmará pelo testemunho da carne e a prova da
realidade da carne pelo testemunho do sangue. E para que reconheças a antiga
figura do sangue no vinho, diz Isaías... Muito mais manifestamente o Gênesis,
na bênção de Judá, de cuja tribo deveria provir a origem da carne de Cristo, já
então esboçava a Cristo em Judá: 'Lavará - disse - em vinho as suas vestes e em
sangue de uvas o seu manto', significando a estola e o manto a carne, e o vinho
o sangue. Assim agora consagrou seu sangue no vinho aquele que então fez o
vinho figura de seu sangue...” (Tertuliano,
Contra Marcião L.4 C.40)
Para
entender as palavras de Tertuliano, devemos conhecer o contexto. Marcião negava
que Cristo tivesse corpo verdadeiro. A força do argumento de Tertuliano contra
Macião consistia em que o pão não poderia ser corpo verdadeiro de Cristo, se
Cristo não tivesse corpo verdadeiro. Como poderia a Igreja crer na de forma unânime
que o pão consagrado era o corpo de Cristo, se Cristo não tinha corpo? E ainda
quando disse: “Ao pão fez seu corpo” denota uma mudança de substância. A
realidade da Eucaristia e a fé da Igreja demonstravam a realidade física do
corpo de Cristo.
Tertuliano
utiliza a expressão “figura de seu corpo” para se referir ao corpo real.
Tertuliano fala do pão eucarístico como “figura” do corpo de Cristo, por que o
verdadeiro corpo de Cristo havia sido no AT anunciado por todos os profetas sob
a figura do pão, como o verdadeiro sangue havia sido prefigurado no vinho.
Tertuliano
termina mais adiante afirmando a realidade do corpo de Cristo na eucaristia, e
fala dela como um “sacramento”. Logo veremos outros escritos onde Tertuliano na
eucaristia se pode verificar de forma diáfana. Chama a atenção especialmente
quando afirma que sofrem de ansiedade se caem ao chão algo do cálice ou do pão,
coisa que não teria sentido se pensar se fossem apenas símbolos.
“Portanto, pelo sacramento do pão
e do cálice, já temos provado no evangelho a verdade do corpo e do sangue do
Senhor contra o fantasma defendido por Marcião...” (Contra Marcião L.5 c.8)
“O sacramento da Eucaristia confiada
pelo Senhor na hora da ceia, e todos, ele também teve reuniões antes do
amanhecer, e não nas mãos dos outros, mas de quem presidirá;... sofremos
ansiedade, se algo cai no chão do nosso cálice ou então de nosso pão.” (Sobre a coroa C.3)
“O zelo da fé falará chorando neste
ponto: é possível para um cristão vem dos ídolos para a Igreja, da oficina do
adversário para a casa de Deus, para levantar as mãos mães dos ídolos a Deus
Pai; que ore com aquelas mãos para quais foram orar contra Deus, e trazer o
corpo do Senhor aquelas mãos que levam corpos aos demônios? ...” (Sobre a idolatria (C.7 (A. REIFFERSCHEID
- G. WISSOWA; CSEL 20,1 (1890)36; OEHLER, 1,74 s; ML 1,669 A-B))
“....recebe também então o primeiro
anel, com o qual, depois de questionar, sela o compromisso da fé, e assim então
é alimentado com as delícias do corpo do Senhor, ou seja, a Eucaristia.” (Sobre a honestidade. C.9 (G.
RAUSCHEN: FP (1915) 53s; OEHLER, 1,810 s, ML 2,997 D - 998 C ))
Participando
de um fórum protestante tive a oportunidade de conversar com o administrador do
site anticatólico em questão (Daniel Sapia), e lhe comentei sobre a
descontextualização que se havia feito em seu site dos escritos de Tertuliano.
Mostrei-lhe este conjunto de textos de Tertuliano que se faz impossível pensar
que este apologista pensava que o pão e o vinho consagrados eram simplesmente
símbolos, contudo na exceção de um breve comentário em seu site onde se afirma
uma posição contrária, e ignora de mencionar estes textos, não foi feita
nenhuma correção. Isto já era de se esperar de alguém com tão pouca ética, já
que este indivíduo se fez conhecido por publicar artigos sensacionalistas
acusando o Papa João Paulo II de ser a mão da obra do Anticristo, de modo que
mais essa mentira seria somente mais uma fichinha para ele.
SANTO
HIPÓLITO (235 D.C)
“Ambas as coisas proporcionam ao
mundo o corpo do Senhor, Sangue sagrado e água Santa” (Santo Hipólito – Sobre os Ladrões
(ACHELIS: GChS 211; MG 83,285 A: TEODORETO, Eranistes, diálogo 3))
“Cada fiel procure tomar a
eucaristia, antes que haja provado qualquer outra coisa. Pois se é fiel em
toma-la, embora lhe dê veneno mortal, não terá poder sobre ele [o veneno].
Todos evitem como diligência que o infiel coma da Eucaristia ou que os ratos ou
algum outro animal, nenhuma outra coisa em absoluto caia na Eucaristia e que
algo pereça. É o corpo de Cristo, do qual todos os fieis se alimentam, e não
deve ser desprezado.” (Santo Hipólito – Tradição Apostólica)
ORÍGENES
(185 D.C – 254 D.C)
Orígenes não
foi Padre da Igreja, mas teólogo e comentarista bíblico. Viveu em Alexandria
até 231, passou os últimos 20 anos de sua vida em Cesaréia do Mar, Palestina e
viajando pelo Império Romano.
No que diz
respeito aos escritos de Orígenes a Eucaristia segue a mesma linha que o resto
dos pais. Como Tertuliano expressa preocupação de que o pão e o vinho
consagrados caiam ao chão. Ele afirma que “assim
como o maná era a comida em enigma, agora claramente a carne do Verbo de Deus é
verdadeiro alimento, como ele mesmo diz, a minha carne é verdadeira comida e o
meu sangue é verdadeira bebida.” Em todos esses casos, Orígenes se refere a
“verdadeiro alimento” não como pão, mas como “a carne do Verbo de Deus”. Ele
também afirma que receber o corpo indignamente traz a ruína para si e refere-se
a Eucaristia como “mesa do Corpo de Cristo e do próprio cálice de seu sangue”.
"Conheceis a vós que assistis
aos divinos mistérios, como quando recebeis o corpo do Senhor o guardais com
toda cautela e veneração, para que não caia nem um pouco dele, nem desapareça
algo do dom consagrado. Porque - corretamente - crês que
sereis réus se perderdes algo dele por negligência. E se empregais -
corretamente - tanta cautela para conservar o seu corpo, como julgais ser
coisa menos ímpia se descuidar de sua palavra que ao seu corpo?" (Sobre o Êxodo. Homilía 13,3;)
"Antes, o batismo estava oculto
na nuvem e no mar; agora, a regeneração está claramente na água e no Espírito
Santo. Então o maná era alimento em enigma; agora claramente a carne do
Verbo de Deus é verdadeiro alimento, como Ele mesmo diz: 'Minha carne
verdadeiramente é comida e meu sangue é verdadeiramente bebida'" (Sobre Números. Homilía 7,2).
"...Se sobes, pois, para
celebrar com Ele a Páscoa, te dará o cálice do Novo Testamento e te dará
também o pão da bênção; te concederá seu corpo e sangue" (Sobre Jeremias. Homilia 19,13).
"E entrarão nelas [as coisas
escolhidas do mundo] sem consideração {Ez 7,22 LXX; cfr. v.20 LXX} ...Assim,
deve-se dizer que entra sem consideração nas coisas santas da Igreja aquele
que, após o ato conjugal, indiferente à impureza que contraiu, consente em orar
sobre o pão da Eucaristia; esta pessoa profana as coisas santas e pratica uma
ação descomposta" (Sobre Ezequiel 7,22;).
"Não temes comungar o corpo de
Cristo ao te aproximares da Eucaristia como se fosses limpo e puro? Como
podereis fugir ao juízo de Deus? Não recordas daquilo
que está escrito: 'Por isso há entre vós muitos debilitados e doentes e muitos
que morrem'? Por que muitos debilitados? Porque não julgam a si mesmos, não se
auto examinam, não entendem o que é participar da Igreja, nem o que é
aproximar-se de tantos e tão exímios sacramentos. Padecem daquilo que costumam
a padecer os febris quando se atrevem a comer dos manjares dos sãos; ou seja,
trazem para si a própria ruína" (Sobre o Salmo 37. Homilía 2,6;).
"E Celso, por essa razão, como
homem que desconhece a Deus, oferece suas obras de graças aos demônios. Nós,
ao contrário, dando graças ao Criador de tudo, comemos dos pães oferecidos com
a ação de graças e a oração sobre os dons recebidos, constituídos pela oração
em um corpo santo e santificador dos que se servem dele com são propósito" (Contra Celso. L.8. c33;).
"[Mat. 26,23]... E se podes
entender a mesa espiritual e o alimento espiritual e a ceia do Senhor, de tudo
isto tinha se dignado Cristo fazer participar [a Judas]; mas verás que pela
grandeza de sua maldade - eis que entregou o Salvador, mestre e também alimento
da divina mesa e do cálice (e isto no dia da Páscoa) - sem dar atenção aos bens
corporais do amor do mestre, nem dos [bens] espirituais de sua doutrina,
repartida sempre sem inveja. Como este [Judas] são na Igreja todos aqueles
que levantam azedumes contra os seus irmãos, com os quais frequentemente
estiveram juntos na mesma mesa do corpo de Cristo e no mesmo cálice de seu
sangue"
(Orígenes. Serie de comentários. 82).
Poderia
citar muito mais, mas já basta. Hoje um herege dormirá sabido.
É ótimo que
ele apresente a Didaqué e a Patristica a seus pares, assim tomarão conhecimento
que a Igreja de Cristo em nada se assemelha a deles. Dezenas de pastores se
converteram católico depois de estuda-las.
Por Fernando Nascimento.
Grifos nosso.
Grifos nosso.
Fontes:
- Apologetica.org
- Tradução:
Carlos Martins Nabeto
- RRAIZ,
José Miguel. A transubstanciação (Eucaristia) e a Igreja Primitiva. Disponível
em:
. Desde 19/04/2013. Tradução: Rafael Rodrigues
Fimdafarsa.