Com ares de patrologista
improvisado, esse fedelho sai a campo para fazer exegese de S. Agostinho e
situá-lo entre os negadores da Presença Real de Jesus na Eucaristia.
Como se o santo bispo fosse
herege como Lucas! Como se S. Agostinho fosse protestante!
Assim, no artigo reconhecidamente herético, intitulado: "Agostinho cria na transubstanciação?", do seu Blog de quinta categoria, diz Banzoli, muito pimpão e sem saber quão ridículo está se mostrando:
Assim, no artigo reconhecidamente herético, intitulado: "Agostinho cria na transubstanciação?", do seu Blog de quinta categoria, diz Banzoli, muito pimpão e sem saber quão ridículo está se mostrando:
"Agostinho ensina
exatamente o inverso de transubstanciação"
"Ele pede para que
entendamos o comer o corpo de forma espiritual..."
"é importante
mencionarmos que Agostinho em momento nenhum creu que o corpo de Cristo
estivesse entre nós aqui na terra através da eucaristia..."
Tudo conversa do herege que
escreve heresias e as atribui a Igreja Católica.
S. Agostinho cria na Real
Presença, sim. O sem-vergonha do Banzoli está mentindo. Está mentindo de novo! Como deixa claro o
historiador J.N.D. Kelly, membro da Academia Britânica, da Faculdade de
Teologia da Universidade de Oxford e ainda membro fundador do conselho
acadêmico do Instituto para Estudos Teológicos Avançados de Jerusalém:
"...Um veredicto
judicioso haverá de concordar que Agostinho aceitava o realismo vigente à
época" (Doutrinas Centrais da Fé Cristã, Vida Nova, 1994, p. 340)
E ainda:
"Não pode haver dúvida
de que ele [Agostinho] partilhava o realismo aceito por quase todos seus
contemporâneos e antecessores"
(p. 340)
E
outra vez:
"...Agostinho aceitava
sem questionamento a identificação tradicional dos elementos com o corpo e o
sangue sagrados" (p. 340)
Pouca coisa, Lucas? Ou quer
mais? Que beleza! E Kelly NÃO É CATÓLICO, não. É PROTESTANTE!
Me pergunto se seria acertado
trocar as palavras do abalizado patrologista inglês pelas asserções de um
moleque brasileiro que mal saiu do Ensino Médio.
Me questiono se valeria a
pena substituir a interpretação do renomado Kelly acerca do pensamento de S.
Agostinho pela desse pirralho curioso e de voz finíssima de moçoila apaixonada.
Ora, é óbvio que J,N.D. Kelly esta certo. É Óbvio que Lucas distorce
miseravelmente S. Agostinho.
Sim, pois há que se
considerar que, quando S, Agostinho utiliza de expressões que APARENTEMENTE
apontam para um entendimento simbólico, ele está, na realidade, opondo a uma
interpretação material outra, que, embora REAL, não é grosseira, como se
poderia, alguma vez, imaginar.
Assim, Banzoli cita os
seguintes passos do santo doutor:
-------------
“Eles disseram, pois, para
ele: o que devemos fazer para que possamos fazer as obras de Deus? E ele lhes
disse: trabalhem, não para a carne que perece, mas para o que permanece para a
vida eterna. O que devemos fazer? Eles perguntam; observando se seriam capazes
de cumprirem este preceito. Jesus respondeu e lhes disse: isto é a obra de
Deus, para que vocês acreditem naquele que me enviou. E, em seguida, para comer
a carne, não a que perece, mas a que permanece para a vida eterna. Para qual
finalidade você prepara o dente e o estômago? Creia, e você já terá comido”
“Evidentemente, aquele que
recebe a virtude do sacramento, não apenas o sacramento visível, e na verdade interiormente,
não exteriormente; aquele que come com o coração, não aquele que tritura com o
dente”
“Moisés, Arão, Finéas e
muitos outros que comeram o maná agradaram a Deus. Por quê? Porque entendiam o
alimento visível espiritualmente, apeteciam espiritualmente, degustavam
espiritualmente, de sorte que fossem saciados espiritualmente. Ora, também nós
hoje temos recebido o alimento visível, mas uma coisa é o sacramento; outra, a
virtude do sacramento”
“Mediante isto, aquele que
não permanece em Cristo, e em quem Cristo não permanece, indubitavelmente nem
ingere espiritualmente sua carne, nem espiritualmente bebe seu sangue, ainda
que triture carnal e visivelmente com os dentes o sinal do corpo e do sangue”
“Não prepareis a garganta,
mas o coração: por esse motivo foi recomendada esta Ceia. Eis que cremos em
Cristo quando o recebemos pela fé; em recebendo-o, sabemos o que pensamos;
recebemos um pequeno naco de pão e somos saciados no coração; logo, não é o que
se vê que nos farta, mas o que se crê”
"Então, a cada um serão
vida o corpo e sangue de Cristo, se o que se recebe visivelmente no sacramento
se come na própria realidade espiritualmente, se bebe espiritualmente. Pois
temos ouvido o próprio Senhor, dizendo: ‘O espírito é o que vivifica, a carne
para nada aproveita; as palavras que eu vos digo são espírito e vida"
[Jo.6.63]”.
"Eu vos confiei um
sacramento: espiritualmente entendido, ele vos haverá de dar vida”.
“Entenda espiritualmente o
que eu disse; não é para você comer esse corpo que você vê; nem beber aquele
sangue que será derramado por aqueles que irão me crucificar. Recomendei-lhes
um certo mistério; espiritualmente compreendido, vivificará. Embora seja
necessário que isso seja visivelmente celebrado, contudo precisa ser
espiritualmente compreendido”.
------------
O herege do Banzoli tenta
extrair, de passagens como essas, uma doutrina simbolista, quando S. Agostinho,
na verdade, transmite o seu repúdio à uma visão canibalística (presente, por
exemplo, nos ouvintes de Cafarnaum, em João 6) e inculca que o corpo e o sangue
de Cristo nós o recebemos SACRAMENTALMENTE, sem, porém, deixarmos de recebê-lo
VERDADEIRAMENTE, REALMENTE, como diz ainda, com muito acerto, J.N.D. Kelly,
afirmando que, para S. Agostinho, (maiúsculas minhas):
"O corpo e o sangue de
Cristo não são consumidos de forma física e material; o que é consumido dessa
maneira é o pão e o vinho. O corpo e o sangue "SÃO, DE FATO, RECEBIDOS
PELO COMUNGANTE, mas de forma SACRAMENTAL" (p.342)
Isso porque, diz ainda Kelly
(maiúsculas minhas):
"Embora RADICALMENTE
REALISTA, é [a doutrina de S. Agostinho] também francamente
espiritualizante" (p. 341)
Assim, S. Agostinho não
rejeitou a Presença Real. Antes, a expôs como ela de fato é, livre de
conotações materiais absolutamente inapropriadas.
E que Banzoli, agora explique do seu modo herético as palavras que seguem, do grande bispo de
Hipona, (maiúsculas minhas):
"O que vedes,
caríssimos, na mesa do Senhor, é pão e vinho; mas esse pão e esse vinho,
acrescentando-se-lhes a palavra, tornam-se corpo e sangue de Cristo (…). Tira a
palavra, e tens pão e vinho; acrescenta a palavra, E JÁ TENS OUTRA COISA. E
essa outra coisa que é? CORPO E SANGUE DE CRISTO" (Serm. 6,3)
Desnecessário é dizer que,
passagens com essa, passaram longe, bem longe, do artigo do Banzoli.
--------
Por Maria,
Fábio Morais.
Fimdafarsa.