sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Refutando o ex-padre Aníbal Pereira Reis sobre a questão Pedro/Pedra



Por Fábio Morais


O Livro de Aníbal Pereira Reis é uma mescla de testemunho pessoal e explanações exegéticas voltadas contra a doutrina católica do primado de Pedro. O próprio autor deixa entrever a mistura no prólogo do ensaio: “Este livro, obra de consciência, é depoimento. É estudo. E é contestação. Como depoimento relata uma experiência vivida e vívida” (p.5).

Que o livro é depoimento, concordamos. Que é contestação o sabemos. Mas aquele “obra de consciência...” fica por conta do risco do sr. ex-padre...

No capítulo intitulado ‘EXEGESE LITERAL DE MT 16,18’, capítulo que analisaremos agora, Aníbal Reis não deixa de muito dizer das suas dúvidas e angústias como sacerdote católico romano. Estas não nos interessam senão indiretamente, porquanto revelam um estado de espírito que, é certo, costuma predispor a um desequilíbrio progressivo de conseqüências muitas vezes lamentáveis. Dúvidas e angústias terríveis também as teve Martinho Lutero como monge agostiniano e... deu no que deu...

Mas não somos psicólogos. Se vivo ainda o nosso adversário aconselharíamos procurasse um bom terapeuta. Aqui visaremos somente os seus argumentos, os quais esmagaremos com uma crítica sólida, resultante de uma exegese sadia que, à parte das preferências individuais, focalizará somente a verdade objetiva e inelutável.


A EXEGESE VERDADEIRA (1)

O centro gravitacional da exposição anibalina no referido capítulo constitui-se da surrada distinção existente no grego entre as palavras ‘petros’ e ‘petra’. Assim ‘petros’, em Mt 16, indicaria um pedaço de pedra, enquanto ‘petra’ uma rocha firme, o Filho de Deus e não o apóstolo.

Com um linguajar aparatoso e arrogante, Aníbal ressuscita uma tese há muito julgada inverossímil pelos mais eminentes intérpretes do próprio protestantismo.

O ex-padre tinha diante dos olhos um monumento da polêmica católica brasileira, intitulado: ‘A Igreja, a Reforma e a Civilização’, do Pe. Leonel Franca. Tinha, porque dessa obra extraiu parte de uma tradução da Epístola de S. Clemente Romano aos coríntios (Cf. pp. 199-200). Conhecia então, certamente, uma significativa passagem onde o imbatível defensor da Igreja (2), sem o menor receio de ser contraditado (como de fato nunca foi), afirma do descrédito em que caiu, entre os eruditos reformados, a exegese que o ex-sacerdote resolveu patrocinar:

"É aliás tão esdrúxula, tão ábsona a interpretação dos velhos protestantes a distinguirem entre Pedro e interpretação dos velhos protestantes a distinguirem entre Pedro e pedra, que hoje já a desamparam quase todos os críticos heterodoxos... Os próprios protestantes conservadores perfilham já uma hermenêutica mais racional” (3).

E Leonel Franca escreveu há mais de oitenta anos! Há mais de oitenta anos!

Testemunho importantíssimo e insuspeito legou o ilustre pastor Otoniel Mota, reconhecido cultor da nossa língua portuguesa e, cremos, tido sempre pelos seus por homem sério e ponderado. Sobre a interpretação aferradamente proposta por Aníbal, dizia o falecido presbiteriano há mais de sete décadas que estava:


"Completamente abandonada pelo protestantismo culto da Europa e da América do Norte” (4).

Há mais de setenta anos!

Há mais de sessenta anos Huberto Rohden, em admirável trabalho sobre a vida e obra de S. Agostinho, afirmava que:

"Exímios luminares do protestantismo – como Bengel, Barns, schaff, Alford, Godet, Broadus, Bonnet, Bruce, Plummer, David, Smith, Meffat, Cook, Farrar, Sunday, Hort, Otoniel Mota, e o príncipe dos eruditos comentadores reformados Meyer – sustentam, com o grosso dos atuais exegetas católicos romanos, que a pedra é Pedro"(5).

Eis aí dezoito eruditos, colhidos nos próprios arraiais protestantes, a bombardearem a interpretação anibalina no “livro irrefutável”.

E isso há mais de sessenta anos!

Há cerca de meio século J. J. Von Allmen, erudito protestante, dizia no seu ‘Vocabulário Bíblico’ que:

"Os interpretes protestantes concordam sempre mais que esta rocha, sobre a qual Jesus quer edificar sua Igreja, não é a fé professada por Pedro, nem a confissão da messianidade de Jesus... mas a própria pessoa de Pedro” (6).

A exegese anibalina de Mt 16,18, por conseguinte, é uma exegese caduca, uma velharia ultrapassada, carcomida pelo tempo e fadada ao esquecimento universal.

Mas requer o bom senso que nenhum erro, por velho que seja, deixe de ser denunciado quando ousar vir à tona com ares superiores de verdade. Em face disso, não vemos outra alternativa senão acompanhar Aníbal Reis na sua exposição e desmantelar, de uma vez para sempre, os seus argumentos falsos.

Para revestir de credibilidade a tese baseada na distinção entre os termos gregos, Aníbal cita a Concordância Bíblica de Strong, assim como os lexicógrafos Lídel, Scott e Jonh Groves; alega Homero na Ilíada e na Odisséia. Depois volta aos dicionários e, confiante, convoca em seu auxílio o grego-português de Rudolf Bolting, para logo, satisfeito, ajuntar passos sagrados como se encontram na versão grega do Velho Testamento composta por Áquila. Tudo para provar, como por a+b, que há uma distinção elucidativa no verso de Mateus: Pedro é ‘petros’, “uma pedra solta”, “uma lasca de pedra”, “uma pedrinha”, “um seixo”. Jesus Cristo, este sim, é “petra”, “uma rocha grande e firme”, “uma penha inamovível”. Logo, nós, os católicos, fechamos os olhos para a mais cristalina das verdades, que em Mt 16, Pedro não pode ser a pedra, visto não comportar o seu nome semelhante significado.

Lamentamos, deveras, haver sido debalde a insistência de Aníbal em estabelecer uma tal diferenciação, e isso, porque a conhecemos e acatamos. A distinção existe, é um fato. Todavia, em nada prejudica a tese católica, e por três razões simplicíssimas:

1ª) Não é absoluta.

2ª) Não vem ao caso para Mt 16,18, sendo a diversidade de termos ali claramente compreensível.

3ª) Aplicada ao texto o desfigura totalmente.

Aprofundemos a questão.

A diferença que se dá em grego entre ‘petros’ e ‘petra’, diferença que vai do seixo à rocha, é relativa. Apesar de existir a dessemelhança, ‘petros’ – e isso precisa ficar muito claro – TAMBÉM PODE SIGNIFICAR UMA PEDRA GRANDE E FIRME, não tendo, em absoluto, que indicar invariavelmente uma pedrinha ou seixo. Segundo reconhece o Dr. Oscar Cullmann, uma das maiores autoridades no assunto, “a diferença de significação entre petros e petra não é essencial” (7). Em apoio desta asserção, remete o Dr. Cullmann a uma nota ao pé da página que, entre outros autores, recorda Galieno, o qual afirma das palavras ‘petros’ e ‘petra’ que são permutáveis. Digno de menção é ainda uma vez o Pe. Leonel Franca: “Ora, que significa o nome dado a Simão? Petros em grego, quer dizer, como pedra em português, tanto uma pedra solta, calhau, seixo (acepção mais freqüente), quanto uma pedra firme, rocha, penedo” (8). O mesmo atesta o Profº W. Mundle, colaborando para ‘O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento’: “Não se pode... manter uma distinção rigorosa entre os sentidos: petros pode significar rocha”(9).

Com declarações desse teor, sejam de autoridades católicas, sejam de protestantes, poderíamos facilmente encher um volume.

Objetará talvez alguém que se quisesse o redator do evangelho apresentar Simão como a pedra do texto teria empregado ‘petra’ em ambas as partes da sentença. A objeção, entretanto, perde inteiramente a força quando analisados certos pormenores relativos ao problema.

Via de regra, em grego, os nomes de homens terminam em ‘as’, ‘es’, ‘is’, ‘os’ e ‘us’. Uma vez que, como acabamos de demonstrar, tanto ‘petros’ como ‘petra’ comportam o significado de rocha, o responsável pelo evangelho grego de Mateus, diante do ‘kepha’(10) aramaico, usou para expressá-lo em grego o termo ‘petros’, que melhor se adaptava ao nome masculino pela terminação ‘os’. Como ressalta D. Estêvão Bettencourt, “o emprego sucessivo de petros e petra se deve a afinidade entre petros e o gênero masculino” (11). O autor do Mateus grego, portanto, se conformou ao uso então vigente nessa língua. Não tencionou frisar diferença alguma entre os vocábulos, mas, sabendo que admitiam o mesmo significado, verteu por ‘petros’ o ‘kepha’ do aramaico, cônscio que estava da capacidade de discernimento dos que o haveriam de ler.

O Profº Lucio Navarro expõe muito bem o pensamento católico em sua ‘Legítima Interpretação da Bíblia’:

“Embora a nossa língua não exprima com tanta perfeição, como o francês, o trocadilho usado por Nosso Senhor, todavia quem lê o texto português o percebe logo facilmente, pois entre nós até as crianças sabem que Pedro quer dizer pedra” (12).

E depois de remeter os seus leitores ao mundialmente conhecido ‘Dictionaire Grec Français’, de A. Bailly, o qual alista ‘pedra’, ‘rochedo’ (pierre, rocher) como significados de ‘petros’, arremata o Profº Navarro:

“Se o intérprete grego chamou a Pedro petros e não petra, é porque no grego os nomes próprios masculinos terminam em regra geral em as, es, is, os, us”(13).

Por onde se constata que a diversidade de palavras na sentença do evangelho, tão alardeada por Aníbal Reis, em nada diminui o valor demonstrativo da exegese católica.

Necessário é dizer ainda que, tomada a distinção como a quer o ex-padre, o trecho mateano soaria absurdo e indigno dos lábios do Salvador. Vejamos a explicação anibalina: “Tomando a Bíblia num todo, podemos dizer, parafraseando a assertiva do Redentor: Tu és Pedro, um seixo, uma pedra solta, e sobre esta pedra inamovível, esta rocha inabalável = o Filho de Deus vivo, que tu, inspirado por meu Pai, afirmaste que eu sou, edificarei a minha Igreja. Cristo, evidentemente, prometia edificar a sua Igreja sobre si próprio” (p.52).

Muito antes de Aníbal Reis propunha desconchavo semelhante o falecido pastor Eduardo Carlos Pereira, para quem o texto deveria ser lido assim:

“Eu também confesso o teu nome: Tu és Pedro e sobre esta rocha que acabaste de assinalar na confissão que meu Pai pôs em teus lábios e de que tens a honra de ser um fragmento edificarei a minha Igreja”(14).

Quanta apelação!

Vê de imediato qualquer pessoa sensata o quanto de absurdo está contido nessas interpretações descabeladas(15).

À Aníbal Reis e, por extensão, ao seu colega calvinista, diga-se que nem com mil bíblias tomadas num todo se poderiam sustentar tão ridículas paráfrases, que contra si têm texto e contexto de Mt 16,18.

Em toda a perícope, está fora de dúvida, Jesus Cristo dirige-se exclusivamente a Pedro: “Bem aventurado és, Simão...”, “Eu te declaro...”, “Eu te darei...”, “tudo o que ligares...”, “tudo o que desligares...” Não há como isolar na passagem, cujas partes se articulam, se sucedem harmônica e coerentemente, um inciso em que Jesus entrasse a falar de si. Ora, mas se em toda a perícope refere-se ele a Simão e somente a Simão, é, logicamente, ao mesmo Simão que se refere quando diz “sobre esta pedra”, pois foi a ele que antes impôs o nome de pedra (Cf.Jo 1,42), cuja razão de ser agora explicita e desenvolve. Impôs, com efeito, a Simão o nome de ‘kepha’ (pedra, rocha) não por outro motivo, mas porque sobre ele, querido e assistido pelo alto, repousaria a Igreja visível, como sobre a rocha repousa o edifício para conservar a estabilidade (Cf. Mt 7,24-25; Lc 6,48). Eis a interpretação literal e óbvia do verso mateano.

Ditas estas coisas, reduz-se a nulidade toda a argumentação do ex-vigário. A verdade é que, se quiséssemos, poderíamos parar por aqui, satisfeitos com o até então desenvolvido. Não o faremos porém, mas seguiremos de perto, até o final, as arremetidas equivocadas do paladino batista, embora sabendo que, em última análise, todos os argumentos do ex-padre dependam, para viver, da distinção repetidamente aduzida por ele. Perdoe-nos, pois, desde já, o leitor, porquanto teremos também que repetir, uma e outra vez, o que até aqui dissemos.

“O texto grego de Mt. – escreve Aníbal – exprimiu o pensamento de Cristo por meio de duas palavras cognatas, semelhantes na forma, mas com significados claramente distintos, porquanto cada um demonstra um sentido particular com aplicação própria. O irmão de André é Pedro (pétros), um seixo, uma parte solta da rocha, um fragmento. Cristo, sim, é a pedra (pétra), a rocha inabalável, fundamental. Pedro participa do fundamento como os demais apóstolos e os profetas” (p.47).


Já vimos que a questão do significado de ‘petros’ e ‘petra’ é relativa. Os dois vocábulos podem significar a mesma coisa, e se o autor grego optou por palavras distintas, o fez não para firmar uma diversidade de sentidos ou porque Jesus quisesse distingui-las uma da outra no seu pensamento, mas porque a índole do idioma grego pedia a distinção, em jogo que estava um nome próprio masculino.

Segue Aníbal: “Em meu raciocínio evidenciou-se a conclusão insofismável: Se Mateus, inspirado, ao expressar o pensamento do Divino fundador da Igreja não quisesse fazer a distinção entre pétros e pétra, por que não disse logo = Tu és pedra e sobre esta pedra...? Se, inspirado, usou de dois vocábulos carregados de notável distinção semasiológica no usus loquendi, é mister respeitar-se essa distinção em nome da fidelidade à palavra de Cristo” (p.47)

A "conclusão insofismável" do adversário é risível!

Porque no evangelho grego não foi usada uma só e mesma palavra já o esclarecemos. Far-se-á necessário nos repetirmos? Teremos que novamente lembrar o fato (este sim, insofismável) de que ‘petros’ significa também uma rocha grande e firme e que o grego do evangelho se prendeu a uma praxe lingüística que em nada altera o significado do texto? O sentido da passagem é exatamente aquele questionado por Aníbal: “Tu és pedra e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”. No decorrer deste trabalho veremos isso mais vezes.

Aníbal ressalta que, se inspirado, o autor grego se serviu de dois termos carregados de notável distinção semasiológica no usus loquendi, é mister respeitar-se essa distinção em nome da fidelidade à palavra de Cristo.

Mas não há nenhum “desrespeito”! Respeitar a referida distinção não impõe que a devamos acatar em todas as circunstâncias onde nos depararmos com a palavra ‘petros’, pois tal distinção, como já frisamos não é, de modo algum, absoluta. Reconhecemos, por isso, em Mt 16,l8, palavras distintas, não significados distintos. O fazemos, porventura, gratuitamente? Não. Muito pelo contrário! O uso inter-cambiável de ‘petros’ e ‘petra’ também na literatura profana e ainda a praxe do grego são razões poderosas, razões que militam em prol da compreensão católica. Somos então fiéis não só à palavra de Cristo, mas ainda à sã exegese e à quase dois mil anos de história eclesiástica, que sempre enxergaram no filho de Jonas o fundamento visível da Igreja. O sentido de “petros” determina-o o contexto!

Capcioso é o argumento seguinte do ex-padre. Evasiva antiga, matreira, mas sem nenhum valor: “Acresce, outrossim, uma observação importante: Se se dá em vernáculo o sentido de um nome próprio de língua diferente, não se faz por outro nome próprio. O nome próprio hebraico hamã significa fortaleza e se entende por esse vocábulo, substantivo comum, uma fortaleza e não o nome próprio Fortaleza, capital do Ceará. João (1,42) ao dar no vernáculo grego, o significado do nome hebraico, Kephas, não o fez usando o nome próprio Pétra = pedra ou rocha, mas o substantivo comum pétros, seixo, fragmento de rocha, pois, como já verificamos, é este o significado do nome Pedro” (p. 47).

O que dizer desse arrazoado que Aníbal lança contra o primado de Pedro? Ora, a proposição é falha. Falha, dizemos, quando bem considerada a intenção do quarto evangelista, facilmente dedutível da passagem. Compreendida a intenção do apóstolo, que, límpida, emana do contexto, estará, ipso facto, elucidada esta parte do seu evangelho.

João, em l,42, não está, rigorosamente, “traduzindo”. Ele visa “equivalência”, não etimologia. No início do seu relato, antes do versículo 42, por duas vezes o apóstolo refere palavras semíticas e fornece os seus equivalentes gregos. Os vocábulos ‘Rabi’ e ‘Messias’ diz que correspondem aos gregos ‘Mestre’ e ‘Cristo’ (Cf. vv. 38.41). Da mesma maneira, quando observa que ‘kepha’ quer dizer ‘petros’, João está apenas equiparando nomes próprios. É como se alguém, referindo-se a um inglês, dissesse: “O nome dele é Peter, que é o mesmo que Pedro”. Estaria explicando que ‘Peter’, enquanto nome de pessoa corresponde, em português, ao nome Pedro. Nos dois casos, portanto, um só objetivo. O erro fundamental do argumento anibalino consiste no fato de que o ex-padre entende que o apóstolo João estava a traduzir, qual dicionarista moderno, a palavra ‘kepha’, dizendo significar esta uma pedrinha, um seixo. Nada disso! Escrevendo em grego, e citando Nosso Senhor proferir, dando como nome próprio a Simão, uma palavra aramaica, quis João somente informar que tal nome próprio aramaico equivalia a tal nome próprio grego; que ‘kepha'’, enquanto nome aramaico, possuía em ‘petros’ o seu correspondente helenístico. E se disse que correspondia a ‘petros’ e não a ‘petra’, o fez em vista daquela conformação de que já dissemos. O Profº Navarro é também, sobre este pormenor, esclarecedor:

“João preferiu dizer que Cefas significa Pedro, para mostrar a que nome próprio de pessoa correspondia o nome imposto a Simão”(16).

Confirmação abalizada de quanto já dissemos!

Continua o ex-sacerdote: “É evidente a distinção na mente mateana grega entre pétros, sobrenome [sic!] dado ao apóstolo, e pétra, a rocha, sobre a qual edificar-se-ia a Igreja” (p.47). E ainda: “Se o texto acata esta distinção feita também pela literatura profana e, em consequência, emprega palavras diferentes, por que rejeitá-la-íamos nós?” (p.47).

Mas o texto não "acata" distinção alguma! Apenas registra grafias diferentes de uma só realidade. Tais grafias determinam-nas – e repetiremos sempre que for necessário – o grego neotestamentário em sua maneira de assinalar os nomes das pessoas e das coisas. Termos distintos, sim, mas não sentidos distintos. Quando bem analisado Mt 16,18, a conclusão inevitável é que no texto constam ‘petros’ e ‘petra’ porque ‘os’ e não ‘as’ é a terminação requerida, pelo idioma no qual chegou até nós o evangelho de Mateus, para os nomes masculinos.

Prossegue a retórica antipetrina do ex-sacerdote: “Jesus faz clara e patente a diferença entre as duas palavras. Ao chamar o apóstolo serve-se do nome masculino pétros (=seixo, pedra solta) e para significar a base de sua Igreja, edificada sobre a estabilidade diante dos vendavais do mal, utiliza-se do vocábulo feminino pétra que quer dizer rochedo, rocha, cordilheira” (p.47).

Como se ‘petros’ também não significasse rochedo, rocha, cordilheira...

Mas Aníbal cometeu um deslize imperdoável: “Jesus faz clara e patente a diferença entre as duas palavras”. Não! Jesus não diferencia coisa alguma, e pela razão muito simples de que falava aramaico(17), onde inexiste qualquer diferença, mas usou a mesma palavra ‘kepha’ (pedra, rocha) em ambas as partes da sentença.

Segue Aníbal Reis: “Aliás, noutra passagem das Escrituras, em Jo 1,42, encontra-se declarada esta diferença, quando Jesus asseverou: “Tu serás chamado kephas”. Em aramaico, em vista da pobreza do idioma falado por Jesus(18), kephas quer dizer pedra. A fim de revelar com clareza o pensamento de Jesus, que queria exprimir aquela diferença entre pétra e pétros, o autor inspirado, João, acode: “que quer dizer Pedro (pétros)” (p.48).

Paremos um pouco e analisemos mais de perto este novo recurso anibalino.

Em resumo, ele quis dizer que o pensamento de Jesus estava voltado para a distinção entre uma rocha e uma pedrinha. Não podia, entretanto, o Senhor, em face da pobreza do aramaico, expressá-la verbalmente. João, por conseguinte, explica a intenção de Jesus, esclarecendo que o Salvador com a palavra ‘kepha’ estava indicando um fragmento de pedra, um pedregulho, um seixo. O evangelista, no arrazoado do ex-sacerdote, serviu ao Espírito Santo como intérprete do pensamento de Cristo, que estava impossibilitado de se fazer compreender no parco dialeto dos seus contemporâneos.

O argumento do ex-padre é um deslavado sofisma, habilmente arquitetado para enredar os leitores menos perspicazes. Até falta de clareza ele atribui ao Filho de Deus! Deplorável!

Reiteramos que João, inspirado por Deus, apenas destacou o nome próprio grego equivalente ao aramaico ‘kepha’. Se disse que tal nome era ‘petros’, foi pelas razões que temos repetidamente aduzido.

A quase que totalidade das traduções protestantes apresenta o termo ‘petros’ aplicado a Simão pelo discípulo amado COMO NOME PRÓPRIO DE PESSOA (Pedro) e não como substantivo comum a designar um seixo. ‘kepha’ – dizem estas mesmas traduções – equivale a ‘petros’ COMO NOME PRÓPRIO (Pedro), o qual significa pedra, rocha. ‘A Bíblia na Linguagem de Hoje’, execrada por Aníbal Reis, embora produto de uma iniciativa da ‘Sociedade Bíblica do Brasil’ (órgão de natureza protestante) expressa com muita correção o sentido do versículo joanino: “O seu nome é Simão, filho de João, mas de agora em diante seu nome será Cefas. (Cefas é o mesmo que Pedro, e quer dizer pedra)”. Como dissemos, é um equívoco tomar o quarto evangelista por um tradutor moderno. Não é isso o que ele tenciona ser em 1,42. Ali ele refere um fato que aponta para uma verdade de natureza teológica: Simão recebe um novo nome, que revela uma missão singular (Cf.Gn 17,5-8). Este nome novo é ‘Petros’ (e já explicamos, à saciedade, o motivo), cujo significado é pedra, rocha, conforme já constatamos. E qual é a missão de Petros? Fazer a pergunta é respondê-la!

Aníbal pretende que se não existisse diferença determinante entre ‘petros’ e ‘petra’ no pensamento de Jesus em Jo 1,42 o evangelista ter-se-ia abstido de qualquer comentário adicional às palavras de Cristo: “Se inexistisse esta diferença, o texto joânico, decerto, simplesmente ter-se-ia silenciado. Se o autor inspirado do quarto evangelho faz a distinção, por que rejeitá-la? Só para acatar as pretensões de uma teologia destinada a endeusar um homem?” (p.48).

É incrível! Os malabarismos do ex-sacerdote, os expedientes indignos usados por ele, não deixam dúvidas quanto a fragilidade da causa que patrocina. O livro do ex-padre é fraquíssimo!

João não acudiu com o “que quer dizer Pedro” (Petros) para realçar um contraste. Já o dissemos um sem número de vezes! Tampouco faz o evangelista qualquer “distinção”, como quer o ex-vigário. Em parte alguma João estabelece que o nome ‘Petros’ conferido a Simão deve ser distinguido de ‘petra’ como o seixo do rochedo. Repetiremos uma, duas, mil vezes: o apóstolo quis simplesmente observar que em grego o nome próprio de homem equivalente a ‘kepha’ é ‘Petros’ (Pedro). João escrevia da Ásia Menor, escrevia em grego, para leitores de fala grega. A observação, pois, se fazia necessária, ao passo que o silêncio inoportuno, visto que ‘kepha’ é palavra aramaica. Quantos a conheceriam? A observação joanina, definitivamente, convinha. O “ter-se-ia silenciado” de Aníbal Reis é digno de pena! Revela somente até onde vai a obstinação de um ex-padre revoltado contra a Igreja de Deus. Quanto ao “endeusamento” do Papa, é pura invenção do protestantismo, renovada maliciosamente pelo seu advogado em talas.


Continuam os argumentos inconsistentes do ex-sacerdote: "Se pretendesse Jesus, de acordo com a teologia romana, fazer de Pedro a pedra fundamental de sua Igreja teria empregado uma linguagem inequívoca para deixar, perfeitamente informados, os seus discípulos, habituados, como judeus, a identificar a pétra com Deus e seu Cristo. Ao invés da distinção clara, que se encontra no versículo grego entre pétros (=Pedro) e pétra (=pedra), poderia ter feito como alguns teólogos vaticanos, ardorosos corifeus do papa, na sua obtusão mental, fazem: “Tu és a pedra”, ou “Tu és Pedro e sobre ti edificarei...", ou ainda: “Tu és Pedro e sobre este Pedro edificarei a minha Igreja” (p.48).

Aníbal, motivado por um preconceito indisfarçável, alega que a linguagem empregada por Nosso Senhor, se quisesse chamar de pedra a Simão, teria sido outra, e até as fórmulas a serem usadas pelo Divino Mestre ele as sugere com uma seriedade de pasmar. Não! Decerto não são os “teólogos vaticanos” que sofrem de obtusão mental! É outra pessoa e os leitores já devem ter percebido quem é...

Jesus Cristo, já o explicamos, falava aramaico. Em aramaico, como veremos em outro capitulo, escreveu Mateus o seu evangelho. O Senhor, nesse idioma, disse: “TU ÉS PEDRA (KEPHA) E SODRE ESTA PEDRA (KEPHA) EDIFICAREI A MINHA IGREJA”. Basta um simples olhar sobre a forma original do texto, que, como lembra o Dr. Cullmann, “se pode reconstruir com toda a segurança”(19), para a imediata constatação de que termos mais inequívocos não os poderia ter usado o Salvador. Perfeito é o jogo de palavras na língua original do evangelho mateano, perfeito o trocadilho saído dos lábios de Jesus.

E em grego? Seriam dúbios os termos? Nem por sombra! Entre as duas metades da sentença o responsável pelo Mateus grego interpôs a conjunção copulativa ‘kai’ (=’e’): “...E sobre esta pedra” (“...KAI epi taúte te petra"). O fez para indicar que a pedra do segundo membro da frase é a mesma que, sob a forma masculina ‘petros’, foi referida no primeiro membro. Não quisesse transmitir isso, convinha empregasse a adversativa ‘MAS’ (= ‘dè’): “...MAS sobre esta pedra” (“...epí DÈ taúte...”). Eliminaria assim, de uma vez para sempre, qualquer possibilidade de identificação entre a pedra do segundo membro e o apóstolo Simão. Tal, porém, não se deu. Ademais, como se não bastasse a clareza, o texto reporta a pedra do segundo membro da frase à pedra do primeiro pelo uso do demonstrativo ‘ESTA’ (em grego ‘taúte’): “...ESTA pedra” (“taúte te petra”). ‘ESTA’ qual? ‘ESTA’ que se acabara de indicar no mesmo instante: “Tu és Pedro” (‘petros’, ‘pedra’, ‘rocha’); ‘ESTA’, a única de que se fala na perícope evangélica; ‘ESTA’, que coincide com a mesma pessoa, à qual, no versículo seguinte, de maneira insofismável, se concede, sob outra expressão metafórica, a mesma autoridade soberana.

Aramaico e grego, portanto, desmentem Aníbal Reis.

Quanto às fórmulas que o “humilde” protestante sugeriu deveria ter usado o Salvador, acha-se a sua teoria passível de igual objeção. Se quisesse, qualquer católico poderia argumentar que, se pensasse o Senhor em indicar a si mesmo com a metáfora da pedra, em Mateus, teria empregado um linguajar inequívoco. Poderia ter dito: “Tu és Pedro e sobre esta pedra que sou eu edificarei a minha Igreja”, ou: “Tu és Pedro, mas sobre mim edificarei a minha Igreja”. Depois, o mesmo católico, coberto de razão, devolveria ao ex-padre as suas próprias palavras: “Apesar de haver afanosamente procurado, jamais encontrei um texto grego que de alguma dessas maneiras apresentasse o versículo 18 de Mt 16” (p.48).

Continua Aníbal Reis: “A simples semelhança morfológica entre os vocábulos pétros (=Pedro) e pétra (=pedra) não pode autorizar a substituição de um pelo outro” (p.48).

Todavia, o mesmo significado abrangido por ambos os termos, aliado à forma conveniente exigida pelo koiné neotestamentário, autoriza a referência de um ao outro para a transmissão de uma verdade centrada neste significado idêntico.

Aníbal Pereira Reis, no final do infeliz capítulo do seu fragílimo ensaio, cita as palavras do próprio apóstolo Pedro. Segundo o ex-vigário, Pedro “decide o assunto obstaculando em definitivo as pretensões do papa, que se julga instalado acima de toda craveira humana” (p.48). E como, no sentir anibalino, o Príncipe dos Apóstolos obstacula as “pretensões” do Sumo Pontífice? Eis o trecho da primeira epístola de Pedro escolhido pelo protestante: “E, chegando-vos para ele – pedra viva, reprovada na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios agradáveis a Deus por Jesus Cristo. Pelo que também na Escritura se contém: Eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina, eleita e preciosa; mas, para os rebeldes, a pedra que os edificadores reprovaram essa foi a principal da esquina; e uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, para aqueles que tropeçam na palavra, sendo desobedientes, para o que também foram destinados” (IPd 2,4-8).

Aí está a passagem que vem “obstacular” em definitivo as pretensões do Papa!

Obstacular por quê? Porque diz que Cristo é a “pedra viva”, a “pedra principal da esquina”, a “pedra que os edificadores reprovaram”? De maneira nenhuma!

Jesus é, realmente, a pedra angular de todo o edifício religioso do Cristianismo. É a base, o alicerce, o fundamento indefectível da fé que leva o seu nome. Mas não é este o ponto!

Há pedra e pedra!

Cristo, por exemplo, é a luz do mundo por essência, mas quis fazer dos seus discípulos também eles luz do mundo por participação (Cf. Jo 8,12; Mt 5,14). Da mesma maneira, ainda que ele mesmo a pedra por essência, desejou fazer de Simão a pedra visível de sua Igreja. Pedra constituída por ele, totalmente dependente dele, de cujo poder deriva a solidez.

O texto de Pedro alegado por Aníbal a Igreja o conhece há quase vinte séculos e, contra o primado, não prova migalha de coisa nenhuma.

Finalmente, conclui o ex-padre o capítulo citando ainda Simão: “Pedro, apóstolo de Jesus Cristo” (IPd 1,1), depois do que comenta: “Se se considerasse revestido do múnus de sumo pontífice a si atribuído pela dogmática romana tê-lo-ia mencionado... Perante suas declarações seria ilícito atribuir-lhe o encargo de pedra fundamental da Igreja e, caso o fizéssemos, incorreríamos no perigo de tropeçar na Palavra” (p.49).

Jamais!

Não existia ainda o protestantismo para ilaquear a boa fé dos simples. Ninguém punha em dúvida a autoridade de Pedro, ninguém o chamava de anticristo. O universo cristão sabia ser o filho de Jonas o primeiro homem da Igreja, homem cuja liderança fazia avançar mais e mais a obra evangelizadora, o grande capitão da pesca de almas inaugurada no dia de Pentecostes, onde três mil se converteram (Cf. At 2,41); pesca que continua ainda e há de findar somente quando voltar o Rei; pesca hoje conduzida pelo legítimo sucessor daquele que recebeu de Jesus o cajado das suas ovelhas e dos seus cordeiros e que, amparado pelo divino Paráclito, levou até ao martírio a missão de apascentar o rebanho.


Capítulo extraído do livro “O PRIMADO DE PEDRO E DOS BISPOS DE ROMA: RÉPLICA CONTUNDENTE AO LIVRO "PEDRO NUNCA FOI PAPA!" DO EX-PADRE ANÍBAL PEREIRA REIS” do autor Fábio Morais.




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(1) Alguns autores negam que as palavras ditas a Pedro em Mt 16 foram alguma vez pronunciadas por Cristo. Aqui não abordaremos tal problema, visto que Aníbal não nega a autenticidade do texto em questão. Lembramos, contudo, que tanto a crítica externa (que estuda os códices antigos e a transmissão do texto sagrado), como a interna (que se ocupa da análise do texto à luz da totalidade do evangelho) não apóiam, em absoluto, tais negativas (Cf. DANTAS, Pedro Anísio Bezerra., ‘A Igreja – O Reino de Deus na Terra’, A Imprensa, Paraíba, 1966, pp. 101-104).



(2) Jefferson Magno Costa, conhecido autor protestante, chama, em livro prefaciado por Abraão de Almeida, com razão o Pe. Franca de “moderno apologista da fé cristã” (‘Provas da Existência de Deus’, Editora Vida, São Paulo, 1995, p.94).


(3) Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1934, pp.19-20.


(4) ‘O Papado e o Padre Leonel Franca’, São Paulo, 1935, p.5.


(5) ‘Agostinho’, Epasa, Rio de Janeiro, 1946, p.197.


(6) Aste, São Paulo, 1972, p.292.


(7) ‘Pedro, Discípulo-Apóstolo-Mártir’, Aste, São Paulo, 1964, p.21.


(8) ‘O Protestantismo no Brasil’, Agir, Rio de Janeiro, 1946, p.197.


(9) Edições Vida nova, São Paulo, 1989, Vol.III, p.495. De conformidade com isso, o Dr. Cullmann junta-se ao melhor da exegese protestante, interpretando corretamente Mt 16,18 e sepultando de vez a tese falsa fundada na distinção entre os vocábulos gregos: “O jogo de palavras que já aparece com suficiente clareza no texto grego, sugere a identidade objetiva entre petra e petros, pois uma distinção clara entre os significados específicos das duas palavras não é possível. Mas é a forma original aramaica – que se pode reconstruir com toda a segurança – que nos mostra a identidade formal e objetiva entre petra e petros, melhor dito, entre petra, kepha e petros. A identidade de petra com petros é na verdade assegurada pela identidade de ambos com kepha... Portanto, se Mt 16,18 nos obriga a identificar formal e objetivamente petra com petros, isto mostra quanto o apostolado – e dentro dele sobretudo a posição que ocupa Pedro – faz parte da revelação de Cristo... Petros em pessoa é esta pedra, e não a sua fé ou a sua confissão” (em KITTEL, Gerhard., ‘A Igreja no Novo Testamento’, Aste, São Paulo, 1965, p.329).


(10) Alguns autores preferem a grafia ‘cefas’, outros ‘cephas’, outros ‘kefa’ e outros ainda ‘kephas’. Optamos por ‘kepha’.


(11) ‘Diálogo Ecumênico’, Lumen Christi, Rio de Janeiro, 1989, p.75.


(12) Campanha de Instrução Religiosa Brasil-Portugal, Recife, 1958, p.216.


(13) Op. Cit., p.216.


(14) ‘O Problema Religioso da América Latina’, Livraria Independente Editora, São Paulo, s/d, p.173.

  
(15) Com muito acerto disse – embora não admita o Papado – o eminente exegeta protestante J. A. Broadus: “A sugestão de alguns expositores que ao dizer “tu és Pedro, e sobre esta pedra” referia-se [Jesus] a ele mesmo, envolve um artificialismo repulsivo a qualquer mentalidade” (‘Comentário do Evangelho de Mateus’, Casa Publicadora Batista, Rio de Janeiro, 1948, Vol. II, p.87.)


(16) Op. Cit., p.215.


(17) Sobre isso diz o Dr. Ariel Álvarez Valdés: “Podemos, pois, concluir que Jesus falava o aramaico, como língua materna. Foi a língua que estruturou seu pensamento, sua vida, seu coração” (‘Que Sabemos Sobre a Bíblia?’, Santuário, São Paulo, 2002, Vol. IV, p.58). Outro autor de extrema competência no assunto, o Profº Giovanni Magnani, apesar de sustentar a possibilidade de Jesus ter conhecido e até mesmo falado, ocasionalmente, o grego, como também aquela de ter sido hebraico – e não o aramaico – a sua língua materna, reconhece que “os estudiosos, em sua maioria, parecem concordar que a língua materna de Jesus tenha sido o aramaico e que nela se expressasse ordinariamente”. E ainda: “Língua materna ou não, não se pode excluir que Jesus sempre e em toda parte falasse o aramaico com as pessoas e com os próprios apóstolos” (‘Jesus, Construtor e Mestre’, Santuário, São Paulo, 1998, pp. 224,226).


(18) Confirma-se então o que dissemos. Se falava aramaico, Jesus não poderia, como sustenta o ex-vigário, ter feito “clara e patente a diferença entre as duas palavras” empregando ‘petros’ e ‘petra’.


(19) Cf. nota 9.



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