Neste mês de outubro, mais
precisamente no dia 31, os protestantes de todos os matizes pretendem comemorar
a "reforma" luterana. Mas a "reforma" luterana é, antes,
lamentável. É deplorável. Porque até Martinho Lutero deplorou o que fez. Em
raro momento de lucidez, ele deplorou. E deixou consignado o seu tormento:
"Ninguém é capaz de imaginar quanto
custa e que suplício é para um homem ensinar e crer uma doutrina que não
admitem os Padres da Igreja. Que agitações no seu coração pensar que tantos
homens excelentes, esclarecidos, doutos e por assim dizer a maior e melhor
parte do mundo cristão acreditaram e ensinaram tal e tal artigo e, com eles,
tantas almas santas, os Ambrósios, os Jerônimos, os Agostinhos! Parece-nos
ouvi-los, em gritos de angústia, repetir em coro: A Igreja! A Igreja! E a alma
se confrange de dor suprema! Oh! é na verdade uma prova rude...separar-se de
tantos personagens santos...romper com a própria Igreja e não ter nem fé nem
confiança nos próprios ensinamentos...Não posso negar a angústia e a
perturbação que me causam muitas vezes estes pensamentos..." (Erl. XLVI,
266-229; LX, 82.)
Não deveriam essas palavras
desestimular qualquer intento de comemoração? Não são elas um verdadeiro tapa
na cara dos "evangélicos"? Mas os protestantes propagandeiam a
comemoração.
"Apologistas" protestantes
improvisados, pouco afeitos ao estudo da História, gritam os
"triunfos" da "reforma", encabeçada pelo monge que... a
deplorou! Sim! Que seja reafirmado e fique bem claro: Lutero deplorou o que
fez. E deplorou com razão.
Porque há 1.500 anos estava o
Cristianismo vigente no mundo. A Igreja, então, existia e caminhava na
História. A Instituição de Cristo atravessava os séculos, incólume às
investidas da heresia, travando contra elas as mais acirradas batalhas.
Suportava com bravura, porque firmada no rochedo de Pedro, todas as tentativas
seculares de destruí-la. As portas do inferno não prevaleciam, como nunca
prevaleceram e jamais prevalecerão. Porque Cristo não é mentiroso.
Não obstante atravessar
algumas crises, desencadeadas, de maneiras várias e com desdobramentos
diversos, por elementos menos dignos, muitas vezes alojados em seu próprio
seio, a Igreja ainda era a Igreja. Guardiã, intérprete e propagadora da verdade
revelada.
Lutero sabia disso. Daí o seu
lamento. Não havia, pois, lugar para "reforma". Não uma reforma como
a que desejam comemorar agora. Porque não foi uma autêntica reforma. Foi uma
revolta. Foi uma rebelião, cujos corifeus jogaram na lama a unidade querida por
Cristo para a Sociedade que estabelecera. Introduzindo doutrinas claramente
corruptoras da verdadeira fé. Da fé dos Pais, como lembrou o próprio
heresiarca. Da fé de sempre, como lembramos nós.
Comemorar a
"reforma" é celebrar a discórdia, aplaudir a insubordinação das almas
à obra de Cristo, Nosso Senhor. Obra que continua, em que pesem os sonhos de
legitimidade do protestantismo alienígena.
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Por Maria,
Fábio Morais.