Um livro onde as mentiras começavam desde a capa |
Em síntese: O escritor inglês John Cornwell retirou as acusações
que ele levantou contra Pio XII, alegando não poder ter tido acesso à
documentação necessária quando escreveu o livro "O Papa de Hitler".
Esta alegação é contestada pelo historiador Matteo Luigi Napolitano.
* * *
A revista SUPERINTERESSANTE de
maio pp. à p. 66, apresenta o Papa Pio XII com as mãos a vendar os seus olhos
para não ver as tropas nazistas que invadiam a Europa e não tomar consciência
da perseguição aos judeus; repete acusações que o principal acusador de Pio XII
já havia retirado, como consta do documento abaixo. Isto mostra como são, por
vezes, falhas ou preconceituosas as informações que nossas revistas ilustradas
apresentam em matéria de religião. Já aos 10/2/05 foi publicado o desmentido
que J. Cornwell fez às suas acusações, como diz o documento a seguir.
O periódico "Correspondance
européenne - Agence d'information" em sua edição de 10 de fevereiro 2005
publica uma notícia de grande importância, que PR recebeu abaixo e publica em
tradução portuguesa.
O HISTORIADOR JOHN CORNWELL RETIRA SUAS ACUSAÇÕES
O historiador inglês John
Cornwell, conhecido como autor do livro "O Papa de Hitler", que
ganhou ampla publicidade no mundo inteiro, retirou as acusações que ele havia
levantado contra Pio XII. O historiador fizera do Papa Pio XII um seguidor de
Hitler desde que foi Núncio Apostólico na Alemanha.
Num artigo publicado por
"The Economist" o sr. Cornwell reconheceu que se enganou; sustentou
que Pio XII não podia ser acusado de simpatia ou conivência com o regime
nacional-socialista nem antes nem depois do acesso ao Pontificado; podia sim
ter procedido mais energicamente contra Hitler. O historiador tentou desculpar
o seu erro, alegando que os documentos que refutavam as suas acusações ainda
não tinham sido publicados. Numerosos estudiosos entraram na polêmica após a
publicação do seu livro.
Matteo Luigi Napolitano, analista
dos Arquivos do Vaticano, em artigo publicado em "II Giornale" (14 de
dezembro 2004), deu contudo a saber que tais documentos não somente desde muito
eram acessíveis aos pesquisadores, mas eram também muito conhecidos pelos
especialistas da temática; por conseguinte, afirma Napolitano, se Cornwell os
ignorou, foi simplesmente por causa da tese preconceituosa que Cornwell queria
incutir mediante seu livro; ele fechou os olhos aos documentos que desmentiam
tal tese.
Na verdade, o historiador retirou
suas acusações, mas entrementes a figura de Pio XII foi enxovalhada; pode-se
recear que a re-habilitação da mesma não tenha tão ampla divulgação quanto a
calúnia alcançou.
Sobre John Cornwell e seu famoso
livro ver PR 454/2000; pp. 98ss.
Como se vê, notícias desmentidas
em 20/2/05 ainda eram publicadas como verídicas por SUPERINTERESSANTE em maio
2007.
Fonte: http://www.pr.gonet.biz/kb_read.php?num=96
Sobre a capa do Livro de John
Cornwell, “O Papa de Hitler”, comenta o historiador Peter Gumpel:
“A capa do livro de John Cornwell
mostra o arcebispo Pacelli saindo de um edifício do governo alemão, escoltado
por dois soldados. Essa visita oficial do então Núncio Apostólico na Alemanha,
teve lugar em 1929, quatro anos antes que Hitler chegasse ao poder (em 30 de
janeiro de 1933). Como Pacelli saiu da Alemanha em 1929 e nunca mais voltou, é
enganoso e tendencioso o uso dessa fotografia” (Texto do historiador jesuíta Peter Gumpel, em “Pio XII, Hitler e os judeus”, publicado em PODER – Revista
Brasileira de Questões Estratégicas, Ano I, nº 05, pg. 58, Brasília, Maio/Junho
2000).
Fimdafarsa.